Colóquio Internacional
Maria Isabel Barreno

Colóquio Internacional Maria Isabel Barreno

Da História às histórias: reler e rever a obra de Maria Isabel Barreno no século XXI

​

Universidade Paris Nanterre e Casa De Portugal-André de Gouveia/CIUP

 

Maria Isabel Barreno (1939-2016) é uma figura incontornável do panorama cultural português dos séculos XX e XXI. Quando faleceu a maioria dos jornais e obituários falou da morte de “uma das três Marias” e quase exclusivamente da sua participação como uma das autoras do portentoso livro coletivo que abalou o regime ditatorial exangue, Novas Cartas portuguesas (1972). No entanto, desde a publicação do seu romance de estreia, De noite as árvores são negras (1968), publicou uma vasta e eclética obra que inclui 10 romances, 5 livros de contos, 2 novelas, 2 catálogos de exposições das suas obras plásticas e 1 livro de ensaios.

A sua obra situa-se numa fronteira complexa entre a ficção e o ensaio, como é bem visível em alguns dos seus textos mais representativos, como é o caso de A Morte da mãe (1979) ou Um imaginário europeu (2002), que desafiam os limites do género e se distribuem por diferentes formas. Além de uma forte componente feminista, evidente desde Os Outros Legítimos Superiores (1970), a obra de Isabel Barreno acompanha de forma crítica as grandes questões da construção e consolidação da democracia na sociedade portuguesa, desde a descolonização à integração na Europa, passando pela evolução da paisagem social e pela revisão das macroestruturas que balizaram o pensamento ocidental durante o século XX.

Além da sua produção artística em áreas que vão além da literatura, como a tapeçaria, o bordado e o desenho, não são menores as suas contribuições aos estudos sociológicos, através do trabalho que realizou como investigadora do Instituto de Investigação Industrial, entre 1962 e 1974, e que prosseguiu ainda na década de 1980, com dois estudos ainda hoje relevantes, O Falso Neutro – sobre a desigualdade na educação (1985) e O Direito ao presente (1988). A sua relevante produção artística e intelectual alia-se, ainda, a uma frenética atividade cívica, em que se destacou como fundadora do Movimento de Libertação das Mulheres (MLM) em 1974 e Conselheira para a Educação e Cultura na Embaixada portuguesa em Paris (1997- 2003), contribuindo assiduamente para a televisão, cinema, jornais e revistas. 

 

No ano em que se inicia a publicação das suas Obras completas pela Imprensa Nacional/Casa da Moeda (dir. Ana Rita Sousa), o Crilus (Centre de recherches interdisciplinaires sur le monde lusophone), a Cátedra Lindley Cintra do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua da Universidade de Paris Nanterre, em colaboração com a Cátedra Fernando Pessoa da Faculdade de Línguas Estrangeiras da Universidade de Bucareste e o IELT, NOVA FCSH, no âmbito do projeto “Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração », organizam o 1° Colóquio Internacional dedicado ao conjunto da obra da autora "Da História às histórias: reler e rever a obra de Maria Isabel Barreno no século XXI", a realizar-se em Paris nos dias 14 e 15 de outubro de 2025. A chamada de trabalhos está aberta até 15 de junho e procuram-se propostas de âmbito transdisciplinar e comparatista que contribuam para o estudo desta autora e para o conhecimento de uma obra multifacetada, passível de abordagens pluridisciplinares a partir de estudos de género, pós-coloniais, interartísticos e culturais.

​

Bibliografia

ADÃO, D. M. (2018). A Multiplicidade do eu. Construção da identidade feminina em Maria Isabel Barreno. Faces de Eva, (39), 27–40.

ARENAS, F. (2003). Women’s Difference in Contemporary Portuguese Fiction: The Case of Maria Isabel Barreno. Utopias of Otherness: Nationhood and Subjectivity in Portugal and Brazil. Minnesota: Universityof Minnesota Press, 66–86.

BARRENO, M. I. (1968). De noite as árvores são negras. Publicações Europa-América.

———. (1976). A Imagem da mulher na imprensa. Lisboa: Comissão da Condição Feminina.

———. (1979). A Morte da mãe. Lisboa: Moraes Editora.

———. (1982). Inventário de Ana. Lisboa: Rolim.

———. (1983). Contos analógicos. Lisboa: Rolim.

———. (1984). A Dama verde: exposição. Lisboa: Edições Rolim.

———. (1985a). Célia e Celina. Lisboa: Edições Rolim.

———. (1985b). O Falso Neutro. Lisboa: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.

———. (1986). Dezanove desenhos. Lisboa: Centro de Arte Moderna/ Fundação Calouste Gulbenkian.

———. (1990). Crónica do tempo. Lisboa: Caminho.

———. (1991). O Enviado. Lisboa: Editorial Caminho.

———. (1992). O Chão salgado. Lisboa: Caminho.

———. (1993a). Os Outros Legítimos Superiores. 2ª. Lisboa: Caminho.

———. (1993b). Os Sensos incomuns. Lisboa: Caminho.

———. (1994a). O Círculo virtuoso. Lisboa: Caminho.

———. (1994b). O Senhor das ilhas. Lisboa: Editorial Caminho.

———. (1999). As Vésperas esquecidas. Lisboa: Caminho.

———. (2000). Um imaginário europeu. Lisboa: Editorial Caminho.

———. (2001). Os Territórios imaginários da escrita. SCRIPTA, 4(8), 275‑286.

———.(2009). Vozes do vento. 2ª. Porto: Sextante Editora.

———. (2010). Corredores secretos seguido de Motes e glosas (contos). Porto: Sextante Editora.

BARRENO, M. I., & Ramos, J. M. (1985). Sinos do universo. A evolução da antes da vida. Lisboa: Difel.

BERTRAND, M. (2023). A Morte da mãe de Maria Isabel Barreno, uma arma de desorganização total. Escritoras portuguesas no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo, ed. J. M. Costa Esteves, I. H. de Jesus, & T. S. de Almeida. Bruxelas: Peter Lang, 193–202.

BESSE, M. G. (2001). Percursos no feminino. Lisboa: Ulmeiro.

BESSE, M. G. (2009). Maria Isabel Barreno, une archéologie de la mémoire. Un Imaginaire européen. Littérature portugaise contemporaine. Le plaisir du partage Paris: L’Harmattan, 5-9.

ESTEVES, J. M. da C. (2008). Le Cercle vertueux de Maria Isabel Barreno: l’acte de raconter en tant que processus en devenir. Littérature portugaise contemporaine. Le plaisir du partage. Paris: L’Harmattan, 151–159.

LINDEZA DIOGO, A. (1995). Quem conta um conto... De Maria Isabel Barreno a Maria Velho da Costa. Braga: Angelus Novus.

MARINHO, M. de F. (2006). Maria Isabel Barreno: o feminino em construção. SCRIPTA, 10(19), 203–214.

MEIRIM, J. (2023). O Essencial sobre as Três Marias. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

PENA, C. (2008). A Revolução das feministas portuguesas 1972-1975. Do "processo das Três Marias à formação do MLM - Movimento de Libertação das Mulheres. Lisboa: Universidade Aberta.

SANTOS, Paulo Alexandre, Maria Isabel Barreno: mise en scène de l'écriture. Boordeux: 1999, disponível em https://theses.fr/1999BOR30026.

SEIXO, M. A. (2001a). Isabel Barreno e Fiama: dois modos de ver «Cantos do canto» e «Epístolas e memorandos», de Fiama Hasse Pais Brandão, «O Círculo virtuoso» de Maria Isabel Barreno. Outros Erros: ensaios de literatura. Porto: Asa Editores, 344–348.

SEIXO, M. A. (2001b). Quatro razões para reler Novas Cartas portuguesas. Outros Erros: ensaios de literatura. Porto: Asa Editores, 179–187.

 

Línguas oficiais:

Português, francês e inglês

 

Instruções de submissão de trabalhos:

As propostas de comunicação, em português ou em outra das línguas oficiais do Colóquio, devem ser submetidas a partir do seguinte formulário: https://forms.gle/Zv9zxWtcUhi9nHsD7

 

Para qualquer contacto sobre o colóquio: coloquioisabelbarreno@gmail.com

 

Datas importantes:

Data limite de submissão de resumos: 15 de junho 2025

Data de notificação das e dos autores: 15 de julho 2025

Data limite de participação das e dos proponentes no colóquio:1 de setembro2025

​

​

​

​​